MOACYR VIEIRA SERÓDIO
NOSSO 7º E ATUAL PRESIDENTE
Nascido em 13 de agosto de 1937
em Pirapitinga, 5º distrito de Bom Jesus do Itabapoana, Moacyr Vieira Seródio é
filho de Jacintho Vieira Seródio e Laudenina Frias Seródio, família de
característica agrícola.
Órfão
de pai aos 09 anos e de mãe aos 19, o menino Moacyr foi praticamente criado por
sua irmã Iracema e seu cunhado Agostinho Boechat. Ela por ser professora (era a
única pessoa da Vila com uma formação superior), também se transformou em
“Juíza e Delegada” (pelos conhecimentos da lei), “Médica e Enfermeira” (pelo
conhecimento dos primeiros socorros), entre outros. Ele, líder político,
vereador constitucionalista de 1946, era grande comerciante, figura querida e
paternal e foi nosso associado nº 52 de 26/09/1944.
Carreiro
de boi afamado, Moacyr passou a condição de agropecuarista, após se casar com a
professora Iza Boechat aos 23 anos e assumir a pequena propriedade que recebeu
de herança. Iniciou-se ali uma jornada
de imensas lutas daquele casal, que no decorrer de 20 anos e 05 filhos,
colheram muitas vitórias.
Ousado,
Moacyr vendeu de imediato o pequeno sitio para adquirir um torrão maior
(Fazenda da Mirindiba), que aos poucos foi aumentando até chegar um volume 08
vezes superior que o original. “Comprei e vendi muito gado e a Iza deu aulas
até o oitavo mês de gravidez” – Recorda-se.
Deste período traz grandes
lembranças! Entre elas as do amigo Edson Tinoco de Oliveira (Sãozinho) e do
concunhado Nelson Goulart, companheiros inseparáveis das idas e vindas a Minas
Gerais, para comprar vacas de leite para serem revendidas na Região e, já
naquela época, participavam de incontáveis concursos leiteiros, onde expunham a
“vacada” e faziam bons negócios, pois era uma época de financiamentos fartos e
juros mais baratos. “O Banco do Brasil e o BANERJ me ajudaram muito” – lembra.
Os
anos passaram e aos 37 enfrenta o seu primeiro desafio na vida pública. A
família o convoca à substituir o velho Agostinho na política, que após 06
mandatos decidira afastar-se. Moacyr então se elege vereador do Distrito, sendo
em seguida, feito líder do então prefeito Carlos Garcia e Administrador
Distrital. Isto em 1970.
Associou-se
a CAPIL em 1964, com a Mat. 1200 (seu pai constava como associado 0058).
Acompanhando o
cunhado Agostinho, foi figura coadjuvante nas diversas Assembléias e embates
eleitorais desta casa nos anos de 1960.
“Acompanhei diversas vezes o
Agostinho, trazendo a caravana da Vargem Alegre para votar no Arionaldo Boechat
para o Conselho, mas sempre fiel ao Carlito, já naquela época. Alem de compadre
do Agostinho, era uma figura memorável”!
Com a entrada
do cunhado Fernando Vieira Machado (Fernandinho) no Conselho Fiscal, em 1972,
começou seu maior envolvimento com a gestão da Cooperativa. “O Carlito ofereceu
a vaga para o Agostinho, que já cansado, passou-a para mim (mais uma vez). Como
ainda era vereador, indiquei o Fernandinho, que tinha grande conhecimento
financeiro”. Achando-se na obrigação de apoiar o cunhado, a quem era muito
ligado, Moacyr atuou ativamente em suas eleições para o Conselho Fiscal (1972 e
1973) e em sua eleição para Diretor Secretário em 1974.
“O Fernandinho
já substituía o Dr. José Luiz nas funções de Secretario da CAPIL informalmente.
Trabalhava de graça e calado, pois era de poucas palavras. “Chamei o Sr.
Carlito e os demais membros da Diretoria e expus veementemente a necessidade do
Fernandinho virar diretor de fato e obtive o apoio do Ary. Neste momento, me vi
obrigado a pedir votos para ele. E alcançamos vitória.”
Veio então sua primeira disputa eleitoral na CAPIL:
“Eram as eleições para o Conselho Fiscal de 1975 e o Zé Eser botou na minha
cabeça que eu deveria concorrer. Chamei mais uma vez o “Sãozinho” e o Nelson
Goulart, tendo como Suplentes o José Basílio, Alípio Vicente e Sebastião Amorim
e formamos uma chapa”.
A pequena chapa formada à ultima hora foi
desdenhada pelos adversários, Conselheiros tradicionais desta casa. “Nenhum
Membro da Direção nos apoiou, pelo contrario, só o Ary Moreira Bastos que
alertou nossos adversários, falava para quem quisesse ouvir que nós estávamos
bem apoiados. Coloquei o “Sãozinho” na sala do Sr. Carlito a eleição inteira,
garantindo a neutralidade do velho Presidente (eu sabia que ele sim poderia
decidir uma eleição). Tive um grande apoio dos funcionários e um especial dos
carreteiros, reconhecendo aqui a ajuda do meu compadre Clóvis Diamantino”.
Resultado,
a chapa venceu as eleições com o triplo dos adversários.
Entre
a eleição acima citada e sua chegada à Diretoria, Moacyr teve atuação intensa
no Conselho Fiscal (onde pela primeira vez passou-se a exigir documento junto a
Tesouraria). Atuou também como encarregado de filiais junto ao Diretor Ary
Moreira Bastos. Sendo desta ocasião a construção das filiais de São José de
Ubá, Laje do Muriaé e Varre Sai.
“E
o velho olhou para mim. Era março de 1977, eu com 39 anos. Sr. Carlito empunhou
suas mãos sobre mim e me fez seu Diretor Secretario, junto ao grande ubaense
Dalton Gomes (eleito Diretor Comercial). Eleição difícil, com 03 chapas e uma
Cooperativa com raio de ação que se iniciava em Campos, vinha Cardoso Moreira,
Italva, Cambuci, Ubá, Bom Jesus, Itaperuna, Laje do Muriaé, Varre Sai,
Porciúncula e até Patrocínio – MG, votavam mais de 3000 cooperados. Andamos dia
e noite. Sr Carlito fez uma centena de reuniões, com seus famosos discursos.
Incansável, mesmo já com quase 80 anos”.
Resultado,
o Carlito obteve uma votação muito superior aos 02 adversários juntos, Sr.
Dalton ficou por 08 votos para alcançar a soma dos adversários e Moacyr passou
a soma dos outros candidatos a Secretario por 03 votos.
“De minha
parte, fiz do trabalho e do desenvolvimento da CAPIL, minha forma de
agradece-lo. Não o deixei sequer 06 meses sem uma grande inauguração, para que
ele recebesse os cooperados, as autoridades e os amigos. Ocasião em que fazia
sempre, extensos e inesquecíveis discursos”.
Como Diretor
Secretario (1977/80), Moacyr mostrou de cara sua tendência progressista.
Construí-se o atual prédio da Administração, com imenso Auditório “Carlito
Crespo Martins”, em reconhecimento ao velho Presidente (Ainda hoje o maior da
cidade) e a atual praça de comércio (com farmácia, confecção e almoxarifado
agrícola). Reativou a Exposição Agropecuária de Maio e realizou em 1977 o
primeiro show de um artista de renome nacional em Itaperuna, trouxe o rei do
baião Luiz Gonzaga.
Tamanhos foram
os feitos daquela dinâmica gestão, que veio a eleição em 1980 e com ela duas
grandes surpresas: pela primeira vez em décadas uma Diretoria se reelege por
unanimidade e Moacyr é alçado ao cargo de Diretor Comercial.
Como diria Zé
Éser: “o Moacyr era um louco, impôs-nos um ritmo de trabalho frenético.
Realizou grandes obras. De longe foi o maior Comercial que tivemos”.
Como Diretor
Comercial (1980/83), Moacyr provocou uma revolução em nossa Cooperativa.
Vendo-se acuado com uma notificação da antiga “Leite Glória” que naquele
momento compraria apenas o volume de leite contratual (50% da produção),
deparou-se da noite para o dia, com cerca de 100 mil litros diários sem
destinação.
“Carro apertado
que canta. Não me intimidei. Tiramos da gaveta um velho projeto de uma usina
nova. Mandei o Dalton (Diretor Financeiro) para Vitória atrás dos Recursos do
BNCC (artigo Banco Nacional de Credito Cooperativo). Botei a CAPIL em estado de
guerra”.
Resultado, em
tempo recorde construiu uma nova Usina com a capacidade de beneficiar até 150
mil litros diários. Com ela, lançou-se no mercado produtos como: coalhada, doce
de leite, provolone, ricota, minas frescal, requeijão cremoso e a ultima
palavra em produtos lácteos no mundo,iogurte com polpas de frutas.
Com a Usina
nova veio a necessidade de se vender e ai as habilidades do Comercial. Com
muito arrojo expandimos nossa praça de venda alcançando os grandes centros
consumidores do Estado, chegando a ser imbatíveis em: Niterói, Caxias, Campos,
Região dos Lagos e até Nova Friburgo. Conseqüentemente melhoramos nossa
estrutura, só veículos foram adquiridos 09 caminhões e 06 automóveis.
“Infinitas
viagens dentro de uma Variant II ou uma Belina. Tivemos noite de chegar 02 da
manhã e sairmos às 05:00
h. Eu e meu filho adotivo José Augusto” - lembra.
Contudo não se
esqueceu do produtor. Criou-se também o primeiro laboratório de anemia
infecciosa da região, terminando com as desgastantes viagens ao jóquei clube do
Rio e construiu a primeira Fábrica de Ração de uma Cooperativa – “RAÇÃO PRATA”.
Esta, por falta de tempo, ficou pronta, mas não foi inaugurada (passaria 03
anos fechada, por absoluta incompreensão de seus sucessores).
Não se aprende
a caminhar sem cair. Veio então as eleições de 1983 e com elas o desejo
nacional de mudanças. Pela primeira vez Carlito perdia uma eleição, tendo
sempre ao lado seu fiel escudeiro Moacyr.
Nova eleição e
uma segunda gestão como Comercial (1986/89), ultima ao lado do Sr. Carlito, que
retornou com o tema de Getulio Vargas, “bota o retrato do velho outra vez”. Foi
inaugurada por fim a sonhada Fabrica de Ração (com a presença do então
governador Moreira Franco), comprou-se também um novo pasteurizador,
reformou-se o Posto de Gasolina da sede, construiu-se o prédio anexo (onde hoje
funciona o Departamento de Saúde) e renovou-se a frota com aquisição de 11
veículos novos.
Foi mais uma
vez Diretor Comercial, entre 1992/95, ocasião em que iniciou os trabalhos
enfrentando uma forte crise financeira em nossa Cooperativa. Usando de suas
habilidades, conseguiu junto aos antigos fornecedores (seus amigos) um voto de
confiança, através de um crédito para compra dos insumos, com prazo de 90 dias
para o seu pagamento – isto em período de alta inflação. Recompôs assim os
estoques, hoje na casa de 1 milhão de reais, reequilibrando nossas finanças.
Ainda naquela
gestão, construiu os 03 postos de gasolina das filiais, o supermercado da sede
e adquiriu 02 veículos para nossa frota. Através da intervenção do filho
Moacyzinho (então Assessor do Ministro da Agricultura), criou-se a primeira
Cooperativa de Crédito da região.
E o filho
sucede ao pai. Com grande reluta, Moacyr se elege em consagrada vitória nosso
7º PRESIDENTE. Dias feliz, mas difícil aquele 01 de abril de 1995, quando se sentou
na cadeira do velho Carlito Crespo Martins.
Sob sua
Presidência nos mantemos firmes e altaneiros, no legado do Carlito. Como o do
velho Presidente, seu nome hoje é uma bandeira do cooperativismo e do homem do
campo do Estado do Rio. Basta lembrar que todos os últimos Secretários de
Estado de Agricultura tiveram nele um grande conselheiro, podendo lembrar: Drº
Alberto Figueiredo, Drº Luiz Edmundo Campelo Costa, Drº Luiz Rogério Magalhães,
Drº Christino Áureo e Drº Mofat.
Entre os
muitos feitos do Presidente Moacyr Seródio, destacamos a grande cruzada em
defesa das Cooperativas e dos Produtores de Leite, durante a crise da PARMALAT.
Na véspera de Natal, não vacilou. Capitaniou uma luta nacional. Alertou a Nação
através da imprensa, sacudiu os poderosos em busca de apoio, enfrentou o alto
comando da multinacional. Por fim logrou-se êxito ao ser o primeiro homem da
história do país a entrar em uma empresa privada como Interventor Judicial,
oriundo da sociedade. Mantendo a indústria funcionando no Estado, pagando
religiosamente todos os credores, não permitida que a empresa que quebrara
mundo a fora, levasse a lona a firma aqui instalada. Salvou-a da insolvência e
garantiu o emprego de milhares de pessoas que dela dependiam.
Consta ainda
de seu currículo: Vice-Presidente da FAERJ, primeiro e único Presidente da
ASCONFLU (Associação das Cooperativas do Norte e Noroeste Fluminense),
Conselheiro da SIAGRO/Rio, Conselheiro da SOCERJ (Sindicato das Cooperativas-
RJ), Diretor do Sindicato Rural, Conselheiro da Agricultura da Associação
Comercial do Rio de Janeiro e Comissário do Estado junto a CNA (Confederação
Nacional da Agricultura).
Entre os
muitos títulos recebidos destacam-se: Cooperativista Emérito do Estado
(concedido pela SOCERJ), Agricultor Emérito (FAERJ/SENAR, Sindicatos e
Cooperativas do Sul Fluminense), Cidadão Emérito do Estado do Rio de Janeiro
(ALERJ- Dep. Cory Pillar Filho) e de Cidadão de quase todos os municípios do
Noroeste Fluminense.
Com tudo isso,
o que permanece mesmo, é a figura do simples agricultor do alto de sua Vargem
Alegre, franco e decidido, sempre disposto e amigo fiel. De dentro da Sala da
Presidência, sob o imenso retrato do Sr. Carlito parafraseia os versos do velho
Presidente: “Agrada a todos com carinho, do pequeno ao maior”.