No sistema de produção de leite
a pasto, é preciso que o produtor fique atento ao teor de matéria seca da
forrageira, pois quando ele é baixo, pode limitar o consumo de alimento pelos
bovinos.
O agronegócio
do leite vem passando por profundas mudanças nestes últimos anos, devido à
abertura da economia brasileira ao mercado internacional. Neste novo contexto,
a exigência sobre os produtores nacionais aumentou para que estes passassem a produzir leite em maior volume, com maior regularidade
e melhor qualidade. Para que isso ocorra, o produtor precisa decidir qual o sistema de produção de leite (a pasto, confinado,
semiconfinado) é o mais adequado para as condições da sua região, bem como qual
a melhor forrageira para o gado de leite. Além disso, precisa escolher que tipo
de rebanho ou raça melhor se adapta ao seu sistema de produção.
Teor da matéria seca
Se o produtor optar pelo sistema de produção de leite a
pasto, seja ele rotativo ou contínuo, é preciso que fique atento ao teor de matéria seca da forrageira pois, quando ele é
baixo, pode limitar o consumo de alimento pelos bovinos. Exemplo: forrageiras
com teor de 15% de matéria seca ou menos podem causar problemas de fezes muito
líquidas. Outro fator muito importante é que o teor de matéria seca aumenta com
a idade da planta.
“Quando o teor de matéria seca for baixo, o fornecimento de concentrado,
especialmente para as vacas de maior produção (acima de 12 kg de leite/vaca/dia),
pode corrigir este problema, visto que o concentrado usualmente tem em torno de
88% de matéria seca”, afirma o pesquisador da Embrapa, Fermino Deresz.
Teor de proteína bruta
Quanto ao teor de proteína bruta, este diminui com o
aumento da idade da planta. Por exemplo, forrageiras tropicais, com 30 dias de
idade e adubadas com fontes de nitrogênio, apresentam em torno de 14% a 16% de
proteína bruta na base da matéria seca, em amostras obtidas de parte da planta
que o animal seleciona em condições de pastejo. Em condições de capim verde
picado (planta toda) com 30 dias de idade, o teor de proteína cai para 10% a
12% na base da matéria seca. Esta é uma das grandes diferenças entre o capim
selecionado pelo pastejo e o capim verde picado.
Forrageiras tropicais com menos de 12% de proteína bruta na base da matéria seca, em condições
de pastejo, limitam a produção de leite. Isso porque não se recomenda para as
vacas em lactação menos de 12% de proteína bruta na dieta. A dieta pode ser
apenas pasto ou pasto mais concentrado, ou, ainda, pasto mais volumoso
(silagens, feno) e mais concentrado. Além disso, é com base no teor de proteína
bruta do volumoso (pasto ou silagens ou feno) que se balanceia (formula) o
concentrado.
Usualmente, são necessárias 85
g de proteína bruta para cada quilo de leite a 4% de gordura. Então, se vamos
formular um concentrado para ser fornecido na base de 1 kg para cada 2 kg de leite precisaria de 170 g de proteína bruta em
cada quilo de concentrado. Entretanto, a
eficiência de utilização da proteína bruta pela vaca não é 100%, e sim em torno
de 85% a 90%. Por isso, precisamos formular um concentrado com 10% a 15% acima
das necessidades do animal, ou seja, com 19% a 20% de proteína bruta na base da
matéria seca.
Quanto menor o
período de descanso da pastagem, melhor a qualidade da forragem a ser fornecida
ao gado leiteiro
Potencial da forrageira fornecida
Em termos de manejo de pastagem, é importante
definir qual é o potencial de produção de leite da forragem
disponível na propriedade. Isso vai depender do manejo da pastagem. O pastejo
rotativo tem a grande vantagem de controlar a qualidade da forragem quando se
define o período de descanso da pastagem. Quanto menor o período de descanso da pastagem, melhor a qualidade da forragem. O período de
descanso, teoricamente, pode variar de 24 a 45 dias. É lógico que a pastagem com 30
dias de descanso tem melhor qualidade do que aquela com 45 dias de descanso,
nas mesmas condições de adubação.
A fração fibra em detergente neutro
(FDN)
A fração fibra em detergente
neutro ou FDN é determinada em laboratório. Seu teor aumenta com a idade da
planta. Quanto menor o teor de FDN, maior o teor de energia na forrageira
tropical. Quanto menor o teor de FDN na forragem, maior é o consumo de
alimento. Da mesma forma, é importante salientar que, quando nos referimos a vacas de alta produção de leite(35 a 40 kg/dia), o teor de FDN
máximo está ao redor de 30% na base da matéria seca. O teor de FDN é usado no balanceamento de dietas de vacas, especialmente
aquelas de alta produção.
Por isso é que o feno, o capim verde picado e
as silagens de forrageiras tropicais têm limites máximos de participação nas
dietas de vacas de alta produção. Se o teor máximo de
FDN na dieta na base da matéria seca é de 30%, então, a participação de uma
forrageira tropical, com 60% de FDN, só pode ser de no máximo 50% da matéria
seca da dieta. Ou seja, 50% da matéria seca deve vir do concentrado.
Digestibilidade in vitro da matéria
seca (DIVMS)
Outra variável muito importante para avaliar a qualidade de uma forrageira é a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS). Essa avaliação também é feita em condições de laboratório.
Quanto maior o valor da digestibilidade in vitro da matéria seca de uma forrageira, melhor é a sua qualidade e melhor é o consumo de
alimento. A variável consumo é muito importante para vacas leiteiras e para ganho de peso em animais em
crescimento. Existe um denominador muito importante para o valor da
digestibilidade in vitro da matéria seca. Qualquer valor abaixo de 65% diminui
o consumo de alimento.
À medida que aumenta a idade da planta, diminui a digestibilidade in
vitro da matéria seca. As forrageiras tropicais manejadas com 30 dias de descanso
apresentam valores de digestibilidade in vitro da matéria seca ao redor de 65%.
Se o período de descanso aumenta de 30 dias, o teor de digestibilidade in vitro
da matéria seca cai para valores menores que 65%. Se não houver controle na
idade da planta por meio do período de descanso, a digestibilidade in vitro da
matéria seca pode ser inferior a 50%, e, neste caso, é possível esperar valores
de consumo de 1 a
1,5% do peso vivo, em lugar dos 3% do peso vivo observado com valores de 65% ou
acima disso.
A única maneira de aumentar a digestibilidade in vitro da matéria seca é
com a utilização de concentrados com alta digestibilidade. Só que, nesses
casos, os custos de produção aumentam, pois os suplementos concentrados são
sempre mais caros do que a forragem.
*Fonte Revista Gado
de Leite
Nenhum comentário:
Postar um comentário