Nicolau Bastos
Filho
Associado nº 01 e nosso Primeiro Presidente
Nascido
na Fazenda Soledade, Venâncio, em 13 de Abril de 18 74, foi umas das figuras mais
representativas do município de Itaperuna.
Pecuarista
e grande comerciante de café, chegou a ocupar no ano de 1934 o cargo de
Deputado Estadual.
Entre
os seus grandes feitos consta a construção do Grupo Escolar Comendador Venâncio
Garcia, a doação do terreno do Posto de Saúde daquela comunidade (obra por ele
custeada em sua quase totalidade), doação do terreno onde se ergueu o
Departamento Nacional de Café (IBC) atual sede do Colégio Estadual Nicolau
Bastos Filho.
Em
1916 participou da construção da Usina Companhia Força & Luz Norte
Fluminense S.A. Sendo grande incentivador e talvez seu maior acionista, assim
como doador do terreno onde foi construída, tornou Venâncio a primeira
localidade da região com iluminação própria, fornecendo energia elétrica para
Laje do Muriaé, Miracema, Palmas-MG, Pirapitinga-MG e outros.
Também
foi fundador da Companhia Fábio Bastos Comércio e Indústria S.A, da Associação
Rural de Itaperuna e do Rotary Clube de Itaperuna.
Em
24 de Setembro de
19 41, como nosso associado Matrícula nº 01, presidiu a Assembléia
Geral que fundou nossa Cooperativa, sendo por ela aclamado nosso primeiro
Presidente, cargo que ocupou até 1944. Sendo sucedido por seu Diretor
Comercial, Rubens Garcia Bastos na presidência, permaneceu como Conselheiro de
Administração até 1947.
Sr.
Nicolau foi uma das grandes figuras de nosso município e líder de grande
destaque no distrito de Comendador Venâncio, aos 65 anos (idade avançada para
época) e quase desligado das coisas públicas, ainda emprestou seu nome de
grande prestígio para fundar nossa
CAPIL, junto ao grande de artífice e mentor desta casa, seu primo Rubens Garcia
Bastos.
Veio
a falecer em 17 de
Setembro de 19 55, sendo sepultado na cidade do Rio de Janeiro.
Rubens Garcia Bastos
Qualquer
exame mais detalhado que se faça sobre o quadro histórico de diretores da CAPIL
encontra em posição de destaque, o nome de Rubens Garcia Bastos. De 1941 a 1944, foi nosso
primeiro Diretor Comercial e de 1944
a 1968 ocupou o cargo de Presidente. Em nada menos do
que 09 gestões administrativas, foi ele o grande sustentáculo de uma
cooperativa que, alias, ajudara a fundar.
Ao
lado de vinte e três outros pioneiros, Rubens Garcia Bastos participou do ato
de implantação do cooperativismo em Itaperuna. Foi, talvez o grande líder do
movimento que acreditava numa comunhão de iguais para o desenvolvimento da
pecuária leiteira da região.
Nascido em 28 de maio de 19 08,
Rubens Garcia Bastos era filho de Adelino Garcia Bastos e Maria Garcia de
Mattos Bastos, proprietários das Fazendas Salgada e Boa Fortuna. Foi inclusive,
em terras de seus pais que ele praticamente iniciou a criação de gado leiteiro
no município de Itaperuna.
Aqui
começava a trilha de pioneirismo e a necessidade de comercialização do produto
desse seu primeiro empreendimento de coragem, fez com que Rubens Garcia Bastos
e outros criadores da região investissem a fundo em uma idéia ímpar. Tal era a
Cooperativa Agro-Pecuária de Itaperuna que, desde de sua criação, manteve seu
destino ligado ao de Rubens. Afinal, sob a sua presidência a CAPIL cresceu
muito, galgando aos poucos lugar na história de Itaperuna e da criação bovina
em toda a região Noroeste Fluminense. Alguns funcionários e cooperados mais
antigos ainda se recordam que Rubens Garcia Bastos era daqueles administradores
meios heróicos, meio românticos. Segundo consta, por diversas vezes ele deixou
de receber qualquer subvenção pelo cargo que ocupava; noutras ainda, Rubens
recusou até mesmo o pagamento por suas cotas de leite, que a época somava-se
quase a metade de todo o recebimento da CAPIL. Folclore ou não, a Cooperativa
de Itaperuna enfrentava dificuldades e a atitude de seu Presidente evidenciava
até quanto se sacrifica um homem pela realização de seus ideais.
Alvíssaras
aos céus e suor dos homens! Os ideais de Rubens Garcia Bastos e outros tantos
se concretizaram. Esforços não faltaram para que isso ocorresse. Junto de seus
companheiros de diretoria e demais cooperados, Rubens Garcia Bastos promoveu a
mudança da sede da CAPIL, saindo da Rua General Osório para uma área de 3,5
alqueires geométricos no bairro Cidade Nova. Graça a intervenção de seu
cunhado, Fábio Garcia Bastos foi instalada ao lado da nova sede da CAPIL a
fábrica de Leite Glória, que na época era vinculada ao grupo multinacional
Fleischmman e Royal. Lado a lado, Rubens e Carlito Crespo Martins ciceronearam
os observadores do conglomerado norte-americanos em sua visita ao Brasil, mostrando
as vantagens de se acreditar numa bacia leiteira como a de Itaperuna e de,
nesse município, implantarem a sua industria de instantaneização de leite. Dito
e feito, a Leite Glória veio para Itaperuna e se se transforma em parceiro
comercial da CAPIL.
Fincado
então os esteios para o futuro desenvolvimento da Cooperativa Agro-Pecuária de
Itaperuna, Rubens Garcia Bastos afastou-se em 31 de março de 19 68 da responsabilidade
dos cargos diretivos por motivo de saúde. Numa transição entre amigos, passou a
presidência ao seu Diretor Comercial por 04 mandatos, Carlito Crespo Martins,
assumindo uma cadeira no Conselho de Administração da cooperativa, onde
permaneceu entre os conselheiros até 1977. A partir daí, deu ao corpo e espírito o
justo descanso dos batalhadores. Veio a falecer em 28 de junho de 1989 .
Entre
distinções que teve na vida, Rubens Garcia Bastos ocupou duas presidências além
da CAPIL, na Federação das Cooperativas do Norte do Estado do Rio de Janeiro e
no FRIGORÍFICO Industrial Fluminense. Mas o que ficou mesmo foi à marca de seu
pioneirismo, refletido em ações como a introdução das Raças Holandesa na
pecuária itaperunense e a construção de açudes para a criação de peixe
amazônico Tucunaré, isto ainda na década de 50. Sem contar outros
empreendimentos ousados como a introdução do sistema de várzea para o plantio
de arroz na região, pastagem pelo sistema Voisan, olericultura, suíno e
avicultura.
CARLITO CRESPO MARTINS
Se
necessário for descrever em uma só palavra a atuação de Carlito Crespo
Martins à frente da Cooperativa
Agro-Pecuária de Itaperuna, essa palavra seria: abnegação. Os dicionários
explicam-na como sendo a qualidade dos que dão o sangue de sua própria vida num
empreendimento e na realização de um ideal.
De
braços dados, foi assim que o “velho” Carlito e a CAPIL viveram uma longa
historia de apaixonados. Uma pena mesmo ele não estar aqui, nesse momento único,
celebrando com os demais cooperados os 65 anos de um sonho realizado. Mas
decerto bem próximo dos anjos, o Carlito acena para os que dele nunca hão de
esquecer.
Carlito
Crespo Martins nasceu na localidade de Fazendinha, em São Pedro do Paraíso e
Monção (atualmente Italva), em 12 de setembro de 19 00. Seus pais eram Fidelis Luiz
Martins e Ismênia Crespo Martins. Ainda garoto, Carlito vai com a mãe e dois
irmãos, Ardinal e Alfredo, para a casa do farmacêutico Joaquim José de Azeredo
Coutinho, carinhosamente chamado de “Tio Coutinho”. O pai, levando consigo o
filho Luiz, havia se mudado para Niterói.
“Tio
Coutinho” substitui a figura paterna.
Com o passar
dos anos Carlito vai morar em São Pedro
do Paraíso. Entra como Assistente de Mecânica no Complexo Açucareiro A.
Crisóstomo, que então montava seu maquinário. Durante grande tempo, Carlito
esteve em contato direto com o engenheiro inglês que supervisionava a montagem
dos equipamentos. Um ano e meio a mais, o rapaz observador auxiliou o Chefe dos
Mecânicos, o francês Jorge Bonê. Com a morte de Bonê e a associação de A.
Crisóstomo com Benedito Santos Green, Carlito Crespo Martins assumiu a gerência
da usina.
Carlito casou-se com Izabel Vieira (Dona
Bela), filha do comerciante campista Feliciano Vieira, em 26 de julho de 19 19 e tiveram
quatro filhos ainda em São Pedro do Paraíso: Carlos, Cehir, Célia e Cleonilson.
A família Crespo Martins migrou para
Itaperuna, em 19 de
março de 19 29. Em seus manuscritos, o próprio Carlito descreveu sua
chegada a essa cidade, que era ainda pequena, mas expressiva no contexto
político-fluminense.
“Cheguei
em Itaperuna para onde o destino me trazia. Tinha junto, como companheira de
encorajamento na luta pela vida que iria se iniciar, uma dedicada esposa. E
ainda quatro filhos e meu irmão Ardinal, outro companheiro de trajetória e de
lutas”.
Carlito
trouxe consigo uma longa experiência de mecânico, algumas economias e uma caixa
de ferramentas da qual tinha grande ciúme. Pela quantia de quatro contos de
réis, ele adquire uma oficina e uma casa, situadas na Rua Dez de Maio.
Iniciados seus trabalhos com uma considerável freguesia, Carlito Crespo Martins
consegue uma credencial para revenda de gasolina e derivados Standart Oil;
obtém ainda a 1ª revendedora de automóveis e máquinas agrícolas da região, a
International Harvister.
Os Crespo
Martins tornam-se então proprietários de um verdadeiro complexo comercial. Ao
mesmo tempo, Carlito passa a atuar com maior ênfase no meio social
itaperunense. Durante dois anos, ele assume o cargo de Provedor do Hospital São
José do Avaí; em outros dois, foi ele mesmo seu Presidente. Em 02 de abril de 19 39,
Carlito participa da Assembléia Geral de fundação da Associação Comercial de
Itaperuna.
Depois
disso tudo e de haver enfrentado com a tristeza a perda de dois filhos e
alegria com o nascimento da caçula Cléa, Carlito Crespo Martins acabou
participando da reunião de fundação da Cooperativa Agro-Pecuaria de Itaperuna,
em 26 de setembro
de 19 41. Não era um dos vinte e quatro fundadores, mas a partir
daquela reunião, tomou gosto pelo ideal do cooperativismo.
A
admissão de Carlito Crespo Martins ao quadro de cooperados da CAPIL aconteceu
em 31 de outubro
de 19 43, sob a matrícula 0078. Um ano depois de ser admitido,
Carlito já era Membro de seu Conselho Fiscal, cargo para qual foi eleito nos
pleitos de 1944, 1946 e 1949. Foi membro também do Conselho de Administração de
1950 a
1956. Foi o Diretor Comercial com maior número de mandatos, de 1956 a 1968. Neste período
estabeleceu a administração direta da casa por um diretor (antes, não se
dedicavam tempo integral), além de trabalhar ativamente para um momento
histórico de suma importância. Ao lado de Rubens Bastos e Fabio Bastos,
conseguiram trazer a fabrica do Leite Glória para Itaperuna, estabelecendo uma
parceria comercial de mais de 40 anos. O tamanho da importância deste feito
mede-se nos seguintes fatos: foi a primeira empresa de grande porte da Região e
duplicou as receitas públicas de Itaperuna. Em 1968, numa transição entre
amigos, substituiu Rubens Garcia Bastos (a quem serviu com Dir. Comercial) no
cargo de Diretor-Presidente.
De 1968 a 1989, com um breve intervalo entre 1983 a 1986, ele esteve à
frente das diretorias da CAPIL onde comandou a implantação de uma série de
inovações. Dentre elas, estava a criação do Concurso Leiteiro, da Exposição
Agropecuária de Itaperuna e ainda o concurso a Rainha da Exposição e o Ingresso
da CAPIL nos desfiles comemorativos do aniversário do município de Itaperuna.
Um
administrador comprometido com os tempos modernos, sem nunca esquecer que
comandava um empreendimento onde os bens mais preciosos eram os ideais e os
homens: assim era o Presidente Carlito Crespo Martins. Fosse ampliando
constantemente a bacia leiteira, fosse informatizando os seus escritórios, fosse
ainda renovando o maquinário da usina.
Sob sua
presidência, construiu-se o prédio de nossa sede social com a atual praça de
comércio; instalou-se nossas 3 filiais (Ubá, Laje e Varre Sai); a Usina de
Laticínios (a época uma das mais modernas do pais); a Fábrica de Ração;
comprou-se o primeiro computador do Noroeste do Estado e nossa Cooperativa
atingiu a marca de 204 mil litros/dia (1978), alcançando o título de maior
Cooperativa singular do país.
Muito
mais do que uma simples existência Carlito viveu no interior da Cooperativa
Agro-Pecuária de Itaperuna. Da sala da presidência ele irradiava simpatia e
dinamismo. E que simpatia aquela! “O homem da International preta” (referencia
à caminhonete da marca Intertional, de cor preta, que ele possuía) estava
sempre disposto a agradar e fazer felizes os que rodeavam. E que dinamismo,
então! Carlito era um aficcionado das grandes festas e das corridas de
motocicletas; era um homem de idéias modernas. Foi sempre pioneiro: de idéias
suas, enquanto esteve à frente do Rotary Clube de Itaperuna, nasceram projetos
de construção do Ilha Cysne Clube e do primeiro edifício da cidade de
Itaperuna.
Apoiado:
Carlito era dono de tão grande respaldo junto ao Quadro Social, que o
melhor exemplo que podemos dar são seus resultados eleitorais: 1956 e 1959 –
eleito por unanimidade; 1962 – 399 votos contra 87 do grande Jair
Bittencourt; 1965 - 178 votos num total de 189, 1968 – 468 votos
num total de 472, 1971 – 531 num total de 533, Presente: fez da
presidência seu sacerdócio. Impossível não ver sua presença em todos os eventos
que rodeassem a CAPIL. Festas, casamentos, velórios, batizados, não passavam
sem seus discursos. Embora longos, bem preparados, com aquele dom para oratória
e o inesquecível “tá ouvindo”. Querido: ainda nos lembramos de seu
aniversário de 80 anos, quando os Cooperados, em pequenas doações, lhe
presentearam com o automóvel lançamento da Volks – um Gol. Bem relacionado: Ligava
para os ex-Governadores do Estado Amaral Peixoto e Celso Peçanha, como se
ligasse para alguém da esquina. Conheceu de perto e foi reverenciado por todos
os Secretários de Agricultura e Delegados do Ministério da Agricultura do
Estado em seu tempo. Inquebrantável: como na eleição de 1986, que perto
dos 90 anos, como um adolescente se lançou mais uma vez candidato à
presidência, advindo da oposição e se consagrou novamente eleito, ao coro de
“bota o retrato do velho outra vez”. Reconhecido: como na Assembléia de 17 de Outubro de 1988 ,
em que foi agraciado com o título de Presidente de Honra vitalício da
CAPIL. Inigualável: pois com 10
mandatos como nosso Diretor, ainda é recorde na história do cooperativismo
nacional. Histórico: Seu nome virou uma verdadeira lenda, empresta-o a
grandes homenagens, como: Nossa Medalha do Mérito Cooperativista, nosso Parque
de Exposição, nosso Salão Nobre, nossa Usina de Laticínios. Com seu nome, a
Câmara Municipal de Itaperuna batizou sua Ordem do Mérito Agrícola e uma Praça
importante na cidade.
Carlito Crespo Martins faleceu em 03 de abril de 1991 ,
com noventa aos de idade. Aos setenta, foi pai uma vez; aos setenta e dois, uma
segunda vez...
Sem
dúvida alguma ele foi (e é) a grande alma de nossa Cooperativa e um ícone do
Cooperativismo Nacional.
Curiosidade: Recentemente (uns 04 anos passados), o
então Secretário de Agricultura de Itaperuna, Wilson Chequer, recebeu uma
urgente ligação da Delegacia de Agricultura/RJ, disseram-lhe: “Corra na Caixa
Econômica, pois será liberado um recurso para um convênio com a CAPIL”.
Espantado, o Secretário duvidou, pois não havia nenhum pleito sobre assunto. Questionou sobre a veracidade com o
alto funcionário governamental, recebendo a seguinte resposta: “Secretário,
fique tranqüilo, Sr. Carlito Crespo ainda goza de grande prestigio aqui
dentro”.
O Carlito
já contava com uma década de morto.
Ao
lado dos pioneiros Rubens Garcia Bastos e Carlito Crespo Martins o
Advogado
José Nunes saúda o cooperativismo na região – década de 50.
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